quarta-feira, 20 de julho de 2011

Deficiência Adquirida

                Há mais ou menos dois meses atrás sofri uma ruptura parcial no tendão do calcâneo, que ainda me impede de apoiar o pé direito ao chão e tenho um grande déficit de força na caminhada. Já me indicaram muletas e bengalas, mas ainda sigo em frente tentando contrariar o óbvio.
                 A cada vez que tenho que sair de casa sinto um enorme desconforto social e vejo cada vez mais,  como é difícil a vida de quem tem uma deficiência permanente. São pessoas que olham como se tivéssemos uma doença contagiosa, são barreiras arquitetônicas envergonhando a cidade e sem contar a tremenda falta de educação aliada a uma grande ignorância de alguns motoristas no trânsito.  
                    Na semana passada tive que ir a Teresina para apresentar-me a uma junta médica e ao tentar atravessar uma avenida quase fui colhido por um automóvel. Meu apelo era apenas acenar com a mão e “caxingar” por entre a faixa de pedestre, sob revolta dos mais apressados.    
                 Venho a quase dez anos ajudando a minimizar as dificuldades de pessoas com deficiência através de atividades como a equoterapia. Tenho consciência de que o mundo precisa entender que as deficiências vêm com o nascimento ou são adquiridas ao longo da vida e se uma pessoa não teve ainda, infelizmente não é certeza de que não a terá.
                 Imaginem ficar sem visão ou audição por um dia ou mesmo sem falar, sem andar. Imaginem ter um filho nestas condições. Não devemos fazer de conta que isto não existe ou nunca existirá na vida de alguém.
Wellington D’lima